Parte 2 - Novo Dia

A criatura se ergueu sobre eles, e o ar tremeu.
Mas antes que o Astronauta reagisse, Will levantou o braço.
– Espere, senhor. Há... algo estranho.
– Estranho como?
– A criatura não está atacando, está adaptando seus padrões para iniciar uma conversa.
O morcego os observava. Sua voz, quando veio, parecia vir da pedra:
– Vejo que Jizu ainda cria filhos curiosos.
O Astronauta ficou imóvel.
– Você fala nossa língua?
– Agora falo. Minha espécie é capaz de espelhar outras formas biológicas e interagir com elas.
A criatura recolheu as asas e pousou no chão. Seu corpo, pouco a pouco, mas rapidamente, se converteu em humanoide.
– Minha espécie viveu sob o primeiro sol — antes do cosmos sonhar com vocês. Fomos apagados pela própria ganância; O próprio medo. Mas Jizu... Jizu nos guardou.
O Astronauta respirou fundo.
– Guardou?
– Trouxe-me para este mundo, para preservar o DNA da espécie. Ele fez isso com tudo que está aqui. Estamos em seu santuário, sua reserva particular de espécimes de todo o multiverso.
Will registrava em silêncio, seus sensores tremendo como se sentissem algo além de dados.
O morcego-homem inclinou a cabeça e, com uma das asas-braços, revelou um pequeno artefato preso à parede da caverna.
Era mais um Livro de Jizu.
– Este pertence à sua espécie.
– A Terra?
– Sim.
O Astronauta o recebeu com reverência. O material era quente e parecia pulsar, como se respirasse.
– Por que me entrega?
– Porque o que carrega o nome do seu mundo não serve a quem já foi salvo.
O morcego-homem ergueu as asas-braços, retomou sua forma original.
– Leve-o. E lembre-se: a besta também é um reflexo do criador.
O som das asas desapareceu.
A caverna ficou em silêncio. O livro ainda brilhava.
Will quebrou o silêncio:
– Senhor... devo registrar como milagre, metáfora ou fato?
– Registre como tudo isso. Jizu parece gostar das entrelinhas.
E ali mesmo, abriram o novo exemplar.