Parte 2 - Novo Dia

O robô escaneou o terreno com seus sensores frontais. Em milissegundos, detectou uma estrutura submersa a cerca de quinze metros: uma formação rochosa oca formando um túnel natural que começava sob a margem e se estendia por baixo do lago até o outro lado.
– Senhor, detectei um túnel submerso. A entrada é larga, mas a saída é estreita.
– Eu passo por ela?
– O senhor, sim. A criatura, não.
Sem hesitar, o Astronauta mergulhou. Nadou com força para a fenda escura que Will indicara. Atrás dele, o monstro o seguia, movendo-se em rajadas inquietas. Era claro: mesmo debaixo d’água, ele não queria deixá-lo escapar.
Com destreza, o Astronauta seguiu pela abertura aquática, que se estendia por cerca de 20 metros. Com o ar quase acabando e raspando o traje nas rochas, sentindo os pulmões queimarem, saiu pelo lado menor. Um tentáculo tentou alcançá-lo, mas ficou preso. A criatura forçou a entrada e seu corpo colossal travou nas pedras; seus olhos rubros o fitando através da água escura, cheios de raiva e impotência.
O Astronauta, finalmente, emergiu do outro lado do lago, tossindo, arfando.
– Will? – gritou.
A voz metálica respondeu pelo comunicador interno:
– Posicionado para manobra.
Na margem oposta, Will ativou seu sistema de propulsão terrestre e escalou os desníveis rochosos da encosta. No topo, calculou o vetor de impacto, posicionou-se sob a laje rochosa, e ativou seu sistema de percussão. Com uma martelada sísmica precisa, a laje despencou direto sobre a entrada da caverna.
BOOOM.
A água tremeu. Bolhas subiram. A passagem estava selada, com o monstro preso atrás da muralha de pedra.
O Astronauta caiu de joelhos, rindo de nervoso e exausto.
– Quase morri nessa…
– Quase não é totalmente, senhor. Além disso, a manobra foi 97% segura – diz Will se aproximando. Os dois olharam para a água agora serena, onde nada mais se movia.
– Ameaça neutralizada, senhor.
Cansado pela batalha, o Astronauta encostou-se, ofegante, em uma árvore próxima. A árvore se mexeu…