Na barriga do monstro

– Jonas, senhor? – perguntou Will.
– O profeta que foi engolido por um peixe.
– E depois saiu vivo.
– Só porque aceitou o que devia fazer.
O silêncio voltou. O monstro respirava como uma montanha viva.
Lá fora, o oceano de areia batia contra o casco metálico. Lá dentro, o ar pesava.
– E nós, senhor? –
– Nós ainda não entendemos o que devemos fazer.
A estrutura rangeu. O calor aumentou.
O painel do traje piscou vermelho, depois apagou.
Will tentou reiniciar os sistemas, mas os comandos se dissolviam no ruído.
A voz dele falhou, digital, como se orasse:
– Eu... não... quero...
O Astronauta fechou os olhos.
Não havia medo — apenas o som da máquina adormecendo, o compasso final de um coração que confundia fé com motor.
O corpo do monstro estabilizou. Nenhum movimento, nenhuma luz.
Engoliu-os por completo — dois brilhos tênues que se extinguiram entre engrenagens e areia.
E o deserto, lá fora, permaneceu intacto.
Fim da história.
Quer tentar de novo?