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Parte 2 - Caverna

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Dogma, rememorou o Astronauta, é uma ideia ou uma crença que as pessoas acreditam ser verdade, e que não podem questionar ou mudar. “É como uma regra muito importante que as pessoas seguem, sem duvidar dela”, explicou a professora quando ele era criança. “É, para as pessoas que acreditam, uma verdade aceita sem questionamentos”, finalizou a educadora.

Na época, o Astronauta pensou ter entendido, mas precisou de exemplos mais precisos para, de fato, absorver a ideia. Foi só mais tarde, quando visitou os avós maternos, que finalmente compreendeu: apesar de amorosa, cuidadosa e muito legal, a vovó tinha seus próprios dogmas, todos arranjados durante a vida e repetidos como ensinamentos.

– Falar palavrão é pecado! – ouviu ele naquele dia. – Só os meninos bonzinhos vão para o Céu.

Achou absurdo tal conselho, e não ficou calado: “Isso é um dogma!”, falou irritado, acusando a família de não deixá-lo ser ele mesmo. Foi aí que seu tio William, excepcionalmente paciente, o acalmou explicando as coisas de um jeito fácil:

“Antigamente, as pessoas acreditavam na Terra como o centro do universo e no Sol girando em torno dela. Essa ideia era vista como uma ‘verdade absoluta’. A igreja, por exemplo, ensinava isso a todos, e todos aceitavam como uma regra inquestionável. Mas um cientista, Nicolau Copérnico, começou a estudar o cosmos e percebeu não ser bem assim. Ele descobriu que, na verdade, é a Terra que gira ao redor do Sol, e não o contrário! Essa descoberta desafiou a crença geral e causou grandes conflitos. A ciência trazia uma nova explicação, mas a igreja ainda defendia a ideia antiga, pois fazia parte de um dogma, algo imutável. Por isso, ciência e religião se afastaram, pois a religião não queria mudar seus ensinamentos, e a ciência tentava mostrar a verdade por meio de estudos e observações. O conflito aumentou. O dogma da igreja impedia a aceitação das novas descobertas. No fim, houve apenas desentendimentos e nada de bom saiu desse conflito.”

– Você é melhor do que isso! – continuou William – “Sempre foi assim” é uma frase perigosa, concordo, e devemos buscar as razões para tudo, mas a intolerância é tão prejudicial quanto não questionar o errado – finalizou o tio, acalmando o pequeno que, após a conversa, decidiu o próprio destino: conheceria as estrelas com cabeça científica, mas respeitaria a fé e a opinião dos outros.

– É uma bela história, senhor. – afirmou o robô.

– Obrigado Will…

– Quem diria que você se reencontraria com ela, logo aqui…

Cansado e bocejando, o Astronauta deitou-se apoiando a cabeça em uma pedra. Adormeceu sob o som calmante do crepitar da fogueira, ainda com o Livro de Jizu nas mãos.

©2023 por Eduardo Kaze

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