Parte 2 - Caverna

“Bem na hora”, pensou ele, satisfeito, visto que a penumbra se intensificava e uma forte chuva tomava forma no horizonte, em nuvens negras e relâmpagos seguidos de trovões amedrontadores.
– Aparentemente é um ambiente seguro, senhor. Além disso, não me faria nenhum bem me molhar… – disse Will.
Usando a lanterna que carregava sempre consigo, o Astronauta seguiu para dentro da gruta buscando um canto onde pudesse, enfim, repousar. As pernas doíam muito, como se houvesse corrido quilômetros. De fato, se esforçara demais e precisava descansar. Acendeu a fogueira usando o isqueiro de emergência. Ficou grato pelas providências tomadas pelos cientistas que criaram seu traje, repleto de bugigangas que, antes, julgava totalmente desnecessárias. Agora, no entanto, via a utilidade de tantos apetrechos disponíveis em sua roupa espacial.
– Os seres humanos são realmente capazes de feitos extraordinários – considerou tomando a penúltima garrafa do tônico revigorante.
– De fato, senhor – respondeu o robô – São bastante emocionais, mas criativos, sem dúvida.
Nutrido e confortável no calor do fogo, buscou na mochila o livro subtraído da biblioteca. Pela primeira vez, reparou nos detalhes do encadernado. A capa, muito bonita e brilhante, parecia feita em couro, com detalhes prateados. Ele voltou a pensar na história que lera algumas horas atrás…