Na Floresta Alienígena

O Astronauta se aproximou lentamente.
A estrutura parecia respirar. O ar era denso, quente, e o solo vibrava com um som grave — um batimento.
– Capte isso, Will. Frequência constante, cerca de trinta hertz.
– Parece um coração, senhor.
– Ou uma máquina viva.
Contornaram o monumento. As laterais estavam cobertas por inscrições em baixo-relevo, mas as figuras não pareciam talhadas: pareciam impressas na matéria, como se a pirâmide lembrasse o que já tocou.
Havia imagens de criaturas marinhas, aves, humanos primitivos e — no topo — uma forma humanoide com olhos alongados, segurando algo que lembrava um livro aberto.
– Essa civilização conhecia o papel? – Will perguntou.
– Ou algo mais antigo que o papel.
O Astronauta passou a mão pela superfície. O material reagiu — uma leve luz se espalhou pelo contato, revelando sob a camada translúcida formas em movimento: cidades, mares, explosões, povos inteiros nascendo e desaparecendo em segundos.
– Senhor… – a voz de Will soou trêmula – acho que a pirâmide está mostrando memória.
O Astronauta deu um passo atrás.
As figuras humanas na porta agora se moviam lentamente, como se respirassem junto com o monumento. Um som agudo atravessou o ar, breve, como um chamado.
– Parece um convite – disse Will.
– Ou uma advertência.
Ele se virou para o horizonte: nada além de areia e dragões minúsculos planando no ar quente.
– Não temos pra onde ir, então, vamos entrar.